Caminhos da Psicopatologia (I)
(Uma Abordagem
Fenomenológico-Existencial...)
Por Reinaldo Müller
21/01/2011
A relação entre a nossa subjetividade
individual e o contexto sociológico em
que vivemos e estamos inseridos pode e
desencadeia psicopatologias... A saber,
a vida social nos coloca diante do
Outro. Existem muitos Outros... E neste
encontro com o Outro, somos remetidos à
experiência essencial de tudo o que a
gente tem e é --- O Outro me afeta, me
atinge, e me solicita criar novas
“organizações psíquicas” em face destes
encontros e tentar estabiliza-las,
temporariamente, porque as relações
estão sempre mudando... Percebemos,
então, que o Outro não é só alguém... Ou
algo...
São acontecimentos de toda a espécie:
movimentos econômicos, políticos,
sociais, culturais, inovações
tecnológicas, modos, modas,
comportamentos, valores --- Tudo se
fazendo e desfazendo, se misturando... O
Outro, aquilo que nos é diferente,
sempre, se apresenta como um
problema-desafio...
O nosso repertório mental com o qual
estamos dotados para reagir, “às estas
novas demandas”, requer uma nova
configuração de forma para que possamos
nos articular às novas exigências de Ser
e Fazer --- relacionar-se, adaptar-se,
sobreviver... O efeito destes encontros
com o Outro vai materializando mundos
psíquicos, inéditos, à nossa gênese
constitucional. Isto significa que a
nossa identidade sofre abalos ao nos
serem impostos novas formas
somático-existenciais para se integrar
aos novos encontros com o Outro... Esta
nova ecologia das subjetividades
desorienta as matrizes de nossa
constitucionalidade --- capturam-na,
canalizam-na para dentro de “outras
redes de sentido”, e a moldam... Em
outros caracteres! O espaço de nossa
percepção tenta converter-se aos novos
valores para produzir em nós, “a ilusão
de inclusão neste novo Mundo!”. A
reconfiguração de nosso território
existencial, continuamente, se refaz na
velocidade dos novos acontecimentos...
Ou seja, há sempre uma nova
sobrecodificação sobre o nosso processo
vital (que comporta a nossa vida
psíquica...). Diante de tantas
experiências, inassimiláveis, produzidas
pelo vertiginoso processo de modelagem
do mundo, o corpo, esta “anatomia
emocional” --- construída pelos
processos seletivos da evolução
biológica, rompe a sua homoestasia,
produzindo SINTOMAS que são a metáfora
bio-simbólica do organismo, “em crise”.
Ocorre, por conseguinte, uma redução na
capacidade bio-psíquico-somática de
gerar novas imagens de si, organizadoras
de novas ações, e de novas ligações...
Não conseguimos mais, sustentar os
nossos territórios existenciais, e
sucumbimos. Há um bloqueio na
continuidade em seguir confirmando a
nossa essência original, formativa...
Adoecemos. A preocupação do corpo, não é
apenas sobreviver, mas, sobreviver
através de uma relação “consigo mesmo”,
organizando a experiência em formas
somáticas e comportamentos, assimilando
os eventos que nos chegam de instâncias
“pré-pessoais” --- nossa herança
genética e constitucional --- e de
instâncias pós-pessoais --- as figuras
da subjetividade, disponíveis no Social.
O corpo organiza um substrato pessoal
psiconeuromotor de múltiplas linguagens
a que chamamos sujeito ou
pessoalidade...
O corpo, compulsoriamente, organiza-se a
si mesmo, e este processo vivo tem um
investimento total em continuar a
perseverar no seu Ser... O corpo fala
por sensações, sentimentos e
pensamentos, portanto; ele se comunica
consigo mesmo para que possa influir em
seu comportamento... Este diálogo
(interno) é sempre sobre o que fazer a
respeito de minha situação imediata (a
partir de seus próprios conteúdos...
interiorizados). Esta mediação se faz,
através de um sofisticado sistema de
feedback neural que chamamos... Cérebro!
O modo de produção da nossa imagem
corporal, também, está intrínseco à
nossa cartografia neural (experiência
excitatória, inibitória e motora vivida)
o que permite formar diversidade...
Diante de tantas formulações, cobranças,
ameaças e o devir... Irreversível... Os
nossos “mecanismos de defesa” ficam
exacerbados e entram em colapso! Desse
estado de coisas, advém o stress...
A cronificação destes estados
sensório-afetivos gera
psicossomatizações e, obviamente,
distúrbios psíquicos como subprodutos.
Ocorrem, também, doenças auto-imunes e
patologias orgânicas decorrentes do
superávit metabólico...
A cristalização dessas (psico)
patologias altera o equilíbrio
neuroquímico, maximizando os conflitos
psíquicos e amplificando os SINTOMAS.
Leia a Trilogia completa aqui:
Caminhos da Psicopatologia (I) - Uma
Gênese Psicanalítica Integrada a um
Prognóstico Psiquiátrico...
Caminhos da Psicopatologia (II) - Uma
Abordagem Fenomenológico-Existencial...
Caminhos da Psicopatologia (III) - Uma
Vertente Psicanalítica - Ótica Lacaniana
O prof. Reinaldo Müller é Consultor de
Marketing e Vendas - Instrutor de Vendas
- Especialista em Gerência de Vendas
pela ADVB-SP - Multiplicador de
ENDOMARKETING (Planeta Marketing/SP).
Escreve com grande desenvoltura sobre
Marketing - Vendas - Gestão e
Administração de Empresas - Filosofia -
Psicanálise - Psicologia. Site:
http://wwwreinaldomuller.blogspot.com/