A Atuação da Terapia Ocupacional em
Unidade de Internação
Por Daniela Gontijo
18/03/2007
A historia do surgimento da Terapia
Ocupacional esta intimamente relacionada
ao interesse de diversos profissionais
no estabelecimento de uma relação entre
ocupação e saúde ,sendo a ocupação ,no
inicio do século XX, considerada um
agente curativo, (HARGEDON,1999).
Inicialmente, a Terapia Ocupacional foi
indicada para ocupação de doentes
crônicos em hospitais e para restauração
da capacidade funcional dos
incapacitados físicos (SOARES,1991).
Pra subsidiar a sua prática, a Terapia
Ocupacional lida com conceitos próprios
de Homem e Saúde .O Homem ,para Terapia
Ocupacional , é um considerado um ser
práxico seja, evolutivo, criativo,
produtivo, lúdico e transformador
(CANIGLIA). Considerando estes aspectos,
o homem tem uma natureza ocupacional
,apresentando uma tendência inata de
transformar o seu meio de acordo com
seus desejos e ideais e estruturando o
seu cotidiano em torno das atividades
que realiza. Para JORGE(1981) o homem em
atividade é antes de tudo um homem vivo.
Na Terapia Ocupacional a saúde é vista
como uma condição dinâmica e mutável,
que implica em um processo de interação
entre o individuo e as situações sociais
e ambientais cotidianas (NEISTADT &
CREPEAU, 2002). Os problemas
relacionados à saúde podem ser de origem
social, psicológica, biofísica ou
cultural. Para HANN (1999), a doença
afeta o desempenho ocupacional de várias
maneiras, incluindo redução da
energia,ruptura dos padrões e mudanças
na capacidade da pessoa desempenhar
ocupações.
Considerando os conceitos de homem e
saúde explicitados anteriormente, a
Terapia Ocupacional é definida como a
arte e a ciência de ajudar pessoas a
realizarem as atividades diárias que são
importantes para elas, apesar de
debilidades, incapacidades ou
deficiências (NEISTADT & CREPEAU, 2002).
Na terapia ocupacional a ocupação,
considerada a essência da profissão,
refere-se às atividades que ocupam o
tempo das pessoas e dão sentido as suas
vidas (NEISTADT & CREPEAU, 2002). De
forma didática, as ocupações são
divididas em áreas de desempenho
ocupacional, sendo estas o auto-cuidado
(alimentação, vestir, higiene pessoal,
etc.), atividades produtivas e de lazer.
Assim sendo, a Terapia Ocupacional atua
em qualquer condição que afete, ou
poderá afetar, o desempenho ocupacional,
dificultando ou impedindo que o
indivíduo realize atividades que para
ele sejam importantes de acordo com seus
papéis sociais.
O presente trabalho objetiva discutir a
atuação do terapeuta ocupacional em
unidades de internações hospitalares.
A hospitalização para o paciente ,
representa um período de intensas
mudanças em seu cotidiano . O paciente
durante a internação experimenta
sentimentos contraditórios ,se por um
lado ele esta ciente da necessidade da
internação para seu tratamento
medico,por outro ele sofre os efeitos de
uma institucionalização.
A internação representa, para o
paciente, a mudança brusca do espaço
físico, a ruptura do convívio
social/familiar e das atividades
cotidianas (auto-cuidado, trabalho e
lazer), perda da privacidade e da
autonomia (capacidade de escolha e
decisão), ociosidade e experimentação de
reações negativas como ansiedade,
depressão, estresse, fobias medos,
angústias e baixa auto-estima. Entre
estes fatores a perda da autonomia
destaca-se como uma perda de controle,
não apenas como uma inabilidade para
controlar sua vida ou utilizar o tempo
da maneira que desejar, mas também
inabilidade para controlar o corpo e
suas funções (GARCIA, 2000). Assim
sendo, a intervenção terapêutica
ocupacional mostra-se de suma
importância, pois ao estimular
diretamente a autonomia durante os
atendimentos, proporciona ao paciente o
resgate e o exercício de seu potencial
saudável, contribuindo sobremaneira para
a qualidade de vida durante a internação
e para recuperação clínica do indivíduo.
De uma forma geral, os principais
objetivos da terapia ocupacional em
unidades de internação são diminuir o
impacto da hospitalização, promover a
independência nas atividades de vida
diária, promover/estimular autonomia,
humanizar o ambiente hospitalar,
estimular o potencial saudável do
paciente e conseqüentemente promover a
qualidade de vida e diminuição do tempo
de internação. Além disso, objetiva-se
orientar os pacientes no processo de
pós-alta e encaminhá-los, quando
indicado, para serviços de reabilitação.
A atividade, recurso/instrumento, que
caracteriza a intervenção terapêutica
ocupacional, é conceituada por HARGEDON
(1999) como uma seqüência integrada de
tarefas que ocorrem em uma ocasião
específica, durante determinado período
e para um propósito definido. Durante os
atendimentos podem ser utilizadas
atividades expressivas, lúdicas,
intelectuais, profissionalizantes, de
auto-cuidado, entre outras. As
atividades adquirem conotação
terapêutica quando estão inseridas em um
contexto de relação entre terapeuta,
paciente e atividade (JORGE, 1990;
TEDESCO, 2001). De acordo com os
objetivos estabelecidos em conjunto com
o paciente, o terapeuta ocupacional pode
proporcionar atividades que possibilitem
o exercício de habilidades físicas
(força, amplitude de movimento, etc.),
cognitivas (memória, atenção) e sociais,
a mudança em aspectos psíquicos(humor,
ansiedade), experimentação de autonomia,
descobertas de capacidades, mudanças de
atitudes, processos de autoconhecimento
e estruturação do cotidiano. A
realização de atividades, em terapia
ocupacional está intimamente relacionada
a uma postura ativa do paciente frente a
sua saúde e doença, estimulando em cada
ser o desejo de lutar em prol de si
mesmo (JORGE, 1989).
VÁRIOS " Anais do II congresso
brasileiro de prevenção e tratamento dos
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