Quando consultar um consultor
Por Carlos Hilsdorf
23/01/2009
No mundo dos negócios, como em todos, existem duas realidades
básicas: a dita real e a aceita como real à conta de inúmeras
generalizações repetidas ao longo do tempo.
É o que acontece quando falamos de consultorias. Oscar Wilde disse:
"Um com consultor é uma pessoa comum dando conselhos longe de casa".
Robertson também deixou sua máxima: "Um consultor é alguém que pede
emprestado o seu relógio e lhe cobra para dizer as horas?".
Estas duas afirmações, por mais inteligentes que sejam suas fontes,
tratam apenas de uma generalização/distorção do que verdadeiramente
é uma consultoria.
Um mau advogado não deve causar a impressão de que a advocacia não é
séria, mas se você consultar vários maus advogados seqüencialmente
provavelmente desacreditará dela.
Por isso, contratar um consultor é uma tarefa estratégica e deve ser
encarada como tal. Não devemos crer plenamente no portfólio do
profissional; alguém pode, curiosamente, atender uma série de mega
empresas uma única vez e não retornar jamais, por estar abaixo das
expectativas. Não devemos crer nos títulos, que podem ser duvidosos
ou oriundos de instituições de qualidade questionável. Devemos tomar
cuidado até mesmo com as indicações: um profissional de outra
empresa, conhecido seu, digno de credibilidade, pode estar lhe
indicando a pessoa certa para o problema errado. Resolver as
questões da Empresa A, não necessariamente qualifica um consultor
para resolver os problemas da Empresa B.
Em que então devemos crer?
Na nossa capacidade de avaliar o talento e a competência de um
profissional checando-o em todos os níveis necessários para aferir a
sua seriedade, intencionalidade, competência e credibilidade.
Consultorias sérias são poderosas ferramentas para salvar, ajustar e
alavancar negócios, mas devemos lembrar que um bom professor
particular é aquele que sabe lhe avisar quando já lhe deu tudo que
podia e que é a hora de buscar um outro. As consultorias devem
operar enquanto, e tão somente enquanto durar a sua capacidade de
agregar valor em níveis correspondentes ao investimento que está
sendo realizado.
Uma boa dica: nunca pague duas vezes pela mesma informação, não
permita que a consultoria caminhe em círculos, acompanhe
meticulosamente os progressos e resultados apresentados.
Consultores e consultorias só funcionam corretamente se a
organização responde positivamente a quatro perguntas:
1 - Tenho consciência de que necessito de ajuda?
2 - Estou disposto a verdadeiramente mudar o que for diagnosticado
como necessário mesmo que isto implique em muita resistência, custos
emocionais e esforços-extra?
3 - Vou conceder a necessária liberdade para que a consultoria possa
exercer na sua plenitude a sua missão?
4 - Compreendo em profundidade que os resultados dependem muito mais
dos esforços da organização do que das legítimas boas intenções da
consultoria?
Se as respostas forem positivas e todo o demais considerado,
parabéns você terá uma excelente contribuição da sua consultoria
seja ela interna, externa ou uma parceria estratégica (muito
saudável) de consultores internos e externos.
Caso contrário, sua empresa está em situação semelhante ao paciente
fumante, sedentário, com obesidade mórbida e vai ao médico
solicitando uma medicação para que possa manter o mesmo estilo de
vida que vem levando. O máximo que vai conseguir é sair de lá com um
atestado de óbito devidamente preenchido, aguardando apenas pela
data.
Carlos Hilsdorf
Considerado pelo mercado empresarial um dos melhores palestrantes do
Brasil. Economista, Pós-Graduado em Marketing pela FGV, consultor e
pesquisador do comportamento humano. Palestrante do Congresso
Mundial de Administração (Alemanha) e do Fórum Internacional de
Administração (México). Autor do best seller Atitudes Vencedoras,
apontado como uma das 5 melhores obras do gênero. Presença constante
nos principais Congressos e Fóruns de Administração, RH, Liderança,
Marketing e Vendas do país e da América Latina. Referência nacional
em desenvolvimento humano. www.carloshilsdorf.com.br