Marketing Jurídico de Estratégia
Por Ari Lima
12/05/2008
O marketing jurídico surgiu com a necessidade de profissionalizar a
gestão dos escritórios advocatícios. Antes prevalecia o voluntarismo
administrativo nos escritórios, bastava apenas ser competente para
se destacar. Era a “primeira onda” para a venda dos serviços dos
escritórios jurídicos. Esta postura funcionava bem em uma época em
que somente precisava montar uma “banca” numa pequena sala, com
telefone e secretária, esperando os clientes chegarem. Mas hoje isto
não funciona mais, apesar de ainda ser a forma de atuação de grande
número dos profissionais de Direito.
Marketing Jurídico – “a segunda onda”
Na verdade o marketing jurídico sempre foi praticado, em maior ou
menor escala, pelos escritórios de destaque, que tiveram a “visão”
de aliar conceitos de gestão administrativa, incluindo o marketing,
ao desenvolvimento de seus escritórios.
Em nossa opinião, foi esta postura profissional, aliada à
competência técnica de ótimos advogados, que consolidou a maioria
dos grandes escritórios do país. Copiando o modelo de atuação destes
destacados escritórios, e também o modelo de atuação de escritórios
estrangeiros que começaram a proliferar no país, surgiu o conceito
de “Marketing Jurídico”.
O marketing jurídico inovou ao adaptar as ferramentas do marketing
comercial à realidade jurídica, principalmente ao buscar conciliar
estas ferramentas com o código de ética do setor.
Marketing Jurídico de Estratégia – “a terceira onda”
Agora estamos iniciando uma nova era para o marketing no setor
jurídico. A “terceira onda”, o Marketing Jurídico de Estratégia. Uma
nova visão que agrega as modernas ferramentas de marketing (como
Internet, Call Center, Contact Centers, CRM, e outras) às
ferramentas tradicionais (folders, cartão de visita,
correspondência, telemarketing, parcerias, etc.) com um conceito
extremamente fundamental hoje, a aplicação de táticas e estratégias
frente à concorrência.
Unindo estes três conceitos: marketing tradicional, marketing
moderno em conjunto com táticas e estratégias, criamos a nova
geração do marketing jurídico: Marketing Jurídico de Estratégia.
Defendemos aqui a inclusão da tese do livro “MARKETING DE GUERRA 2 –
A AÇÃO“ (Editora McGraw-Hill, 1989), dos americanos Al Ries e Jack
Trout, no setor jurídico. Eles propõem o abandono do modelo
tradicional de elaboração de estratégias de marketing coorporativas,
que chamam de marketing “Top dow”, onde a estratégia é criada de
cima para baixo, e pregam o marketing “Bottom-up”, aquele que surge
de baixo para cima nas organizações.
Para entendermos melhor o conceito de tática e estratégia,
imaginemos um jogo de xadrez. Um bom jogador precisa antecipar os
passos de seu adversário, e antever suas jogadas, suas ameaças, suas
artimanhas. Muitas vezes é preciso sacrificar uma Torre ou um Bispo
para defender a Rainha e se manter no jogo, impedindo o Xeque-Mate.
Contra-atacar com inteligência, e tendo em vista a situação do jogo
(a disputa), evitando realizar uma reação puramente emocional.
Antecipar os passos da concorrência, lançar produtos diferenciados,
buscar áreas não exploradas, criar formas de atendimentos inovadoras
serão os novos desafios do setor jurídico. Descobrir as principais
“jogadas” dos escritórios de sucesso e copiá-las. Esta vai ser a
regra.
Também na disputa por uma posição de mercado no setor jurídico, o
advogado ou escritório precisa pensar estrategicamente. Muitas vezes
o atendimento a determinado grupo de clientes pode não estar sendo
lucrativo, ou mesmo pode estar desviando suas energias, recursos
financeiros e de tempo que poderiam estar sendo canalizados para
clientes mais importantes do ponto de vista tático e estratégico.
Segundo a lei de “Pareto”, a qual afirma que 80% dos efeitos de toda
ação são realizados por 20% das causas, podemos concluir que
provavelmente 80% dos lucros de um escritório vêm de 20% de seus
clientes. Será que o advogado está dando a atenção devida a esta
minoria de clientes mais lucrativos e relevantes para seu
escritório? O mais provável é que eles estejam sendo negligenciados
em função do acúmulo de serviço para atender aos 80% dos clientes
restantes.
Esta é uma visão geral. Um certo perfil de cliente pode não ser
importante no contexto de um determinado tipo de escritório, e ser o
grupo mais importante e estratégico de um outro tipo de escritório
de advocacia. Vai depender do foco de mercado e dos objetivos
estratégicos traçados pelo advogado para sua carreira e para seu
escritório.
Existem algumas perguntas interessantes nesta disputa de mercado no
setor jurídico:
· Como um grande escritório pode se defender do ataque de centenas
ou milhares de outros escritórios atuando em seu setor?
· Como um escritório pequeno poderia atacar o mercado de escritórios
já estabelecidos?
· Como manter seus clientes a salvos do assédio de tantos outros
escritórios?
· É possível disputar o mercado jurídico com os grandes escritórios
já estabelecidos?
· Como conquistar os clientes “fiéis” de outros escritórios?
Todas estas questões podem ser respondidas com o Marketing Jurídico
de Estratégia, que engloba diversas ações de marketing como:
· parcerias;
· novas competências;
· novos serviços e novos produtos;
· sites com serviços e benefícios agregados;
· exploração do potencial da Internet;
· táticas de mercado diferenciadas e inovadoras;
· estratégias competitivas de ataque, defesa, flanqueamento ou de
guerrilha;
· projeto diferenciado de relações públicas;
· além de muitas outras ações e possibilidades que podem ser
implementadas, e que certamente farão uma grande diferença na
disputa pelo mercado no setor jurídico.
Algumas destas ações apresentadas são conhecidas, outras podem
parecer inovadoras demais, “malucas” até. No entanto, um observador
atento notará coisas formidáveis acontecendo com relação a novos
procedimentos e maneiras de atuar de alguns escritórios e advogados.
É possível constatar os dois extremos da concorrência no setor
jurídico. De um lado, os “tradicionais” escritórios fazendo a mesma
coisa que se fazia há meio século atrás para conquistar clientes, de
outro, uma nova geração buscando espaço, inovando, criando,
utilizando métodos, equipamentos modernos, e a Internet com força
total.
Estes estão criando sites, blogs, comunidades virtuais, interagindo
com milhares de pessoas todos os dias, sem sair de casa. Enquanto
aqueles que se acomodaram estão sentindo que é cada vez mais difícil
desempenhar sua profissão e satisfazer plenamente seus clientes.
Existem hoje diversas empresas no mercado que oferecem modernos
sistemas de gestão a um custo satisfatório para um escritório de
advocacia. Por exemplo, em recente evento ocorrido em Belo
Horizonte, patrocinado pela Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB/Jovem), o I Encontro de Soluções Tecnológicas para Escritórios
de Advocacia, a empresa de software PROLINK, apresentou um sistema
de gestão o CP-Pro (Controle de Processos Prolink) que gerencia por
completo um escritório nas seguintes áreas:
· controle processual, agenda, financeiro e recebimento automático
de publicações;
· auxilia o advogado desde o seu primeiro contato com o cliente e a
causa que irá defender, até a emissão de relatórios e controle
financeiro e serviços realizados;
· acompanha processos em centenas de órgãos judiciais;
· sistema integrado com o site do advogado.
A tendência é que a geração que evoluir conseguirá cada vez mais
estar próxima de seus clientes, ainda que virtualmente, e
satisfazer-lhes as necessidades bem melhor do que pelo método
tradicional.
Esta evolução passa necessariamente pela profissionalização dos
escritórios de advocacia; pela profissionalização dos advogados na
gestão de suas carreiras; pela utilização cada vez mais presente do
marketing como ferramenta e alavanca para projeção da carreira de um
advogado; e finalmente pela implantação de um plano de Marketing
Jurídico de Estratégia.
Ari Lima é empresário, engenheiro, consultor em marketing pessoal e
gestão de carreiras e especialista em marketing e vendas. Desenvolve
treinamento em marketing pessoal e marketing jurídico para
profissionais liberais, empresas, escritórios e estudantes
universitários. Ministra cursos, seminários e palestras realçando o
lado prático e funcional do marketing e escreve artigos diariamente
para diversos sites e revistas. Além de uma sólida formação teórica,
possui 25 anos de experiência prática em gerenciamento e treinamento
de vendedores e de gerentes de vendas, bem como atendimento a
clientes.