Globalização: novidade ou flashback?
Por Carlos Hilsdorf
23/01/2009
Quando falamos em Globalização, falamos,
simplesmente, como se o termo fosse
absoluto e singular. Nos esquecemos que
existe uma multiplicidade de apreciações
para este tema tão em moda. O universo
possível de abordagens, inclui, entre
elas: econômica, geográfica, política,
sociológica, histórica e psicológica;
nos dando uma idéia da complexidade e
profundidade do tema. Todo tema pode
complexo pode ser tratado de maneira
mais simples (um pecado pedagógico, mas
um mal necessário), pelo menos na
abordagem inicial, uma primeira
aproximação.
Mesmo partindo de uma abordagem ou
modelo inicialmente simplificado, o
fundamental é a manutenção de uma
apreciação holística do processo em
estudo. Toda apreciação parcial sem este
cuidado é perigosa; ter parte da verdade
é o mesmo que ter parte da mentira.
Globalização não é um fenômeno descolado
da História e da sociedade a ela
atrelada e, lembremos, a História possui
uma lógica intrínseca que permite
compreender a ontologia dos fatos e a
gênese dos fenômenos.
Vivemos na Sociedade da Informação, em
uma época onde a tecnologia é o
"sangue" circulante nas veias, uma era
introdutória da chamada "Sociedade dos
Serviços" (tão preconizada), vivemos um
momento de grande sensibilização e,
dialeticamente a "Era da Tecnologia" é
também a era da redescoberta do Ser
Humano, a "Era do Relacionamento".
Presenciamos um momento de continuidade,
ruptura e transição, e tudo isto
simultaneamente.
Para compreender melhor o fenômeno da
globalização, ou melhor, para nos
aproximar de uma observação mais atenta
e consciente, se faz necessário
compreender a lógica interna da
economia. Afinal, para onde sempre se
encaminharam as empresas? Para o
mercado, é obvio, a grande arena onde
se estabelece o sucesso comercial .
Desta maneira a busca de soluções
viáveis para a expansão do capital é
premissa básica da economia capitalista.
O que foi a busca do caminho das Índias,
se não uma busca por alternativas mais
viáveis do ponto de vista do capital em
busca de lucratividade e expansão?
Se observarmos a Evolução Histórica do
Marketing, migrando do enfoque centrado
na produção para a desmassificação e a
globalização, teremos a nítida percepção
de que globalização não é um fenômeno
novo, mas um "flashback" atualizado,
recontextualizado, da lógica do
capitalismo. Demonstrando que o mercado
sempre busca novos caminhos todas as
vezes que se exaurem os mecanismos
anteriores.
O capital sempre tende sob a forma de
investimento para as áreas de menor
risco relativo e maior lucratividade,
contrariando, se necessário, até mesmo,
particularidades logísticas e
administrativas.
Se estamos redesenhando o mapa econômico
do globo é porque já o havíamos
desenhando anteriormente, mudam as
cores, introduz-se novos artistas e
obtêm-se resultados variados. Surgem
novos conceitos de território, novas
mecânicas de ação e persuasão.
As variáveis no mercado estão em
constante mudança, e este é o nosso
dia-a-dia, com a particularidade de que
hoje os resultados das mudanças
introduzidas viajam a velocidade
digital.
Pensar de maneira global, agir
localmente (focar o mercosul também
vale...) mantendo uma visão holística
das oportunidades e riscos, continua
sendo uma receita altamente viável.
Não nos sintamos ansiosos diante do
aparentemente novo: Se queres idéias
novas leia livros velhos, se queres
idéias velhas leia livros novos. A vida
é uma reedição, a cada tiragem sempre
muda o texto, mas os elementos que o
compõe continuam nossos velhos
conhecidos.
Observar a lei da continuidade e da
causalidade nos permite sempre uma visão
mais coerente dos fenômenos, suas causas
e determinantes e nos permitem averiguar
até que ponto tais fatores são novidade
ou "flashback"!
Desenvolver a habilidade de não se
deixar apanhar pelos sofismas e manter
uma postura empreendedora diante das
novas e emergentes possibilidades do
mercado é pré-requisito para o sucesso
em um mundo onde a velocidade é a
linguagem, a priorização, a condição a
decisão correta, a estratégia; e o
capital intelectual, o melhor
investimento.
Mais do que pensar global e agir
localmente, é preciso também pensar
local e agir globalmente, afinal
dormimos em uma noite com nosso
conhecido e almejado mercado local e
acordamos em um dia, onde a realidade e
a ficção pareceram fundir-se. As novas
tecnologias e o aprimoramento das
tradicionais começam a provar que o
mundo de ficção de Steven Spielberg faz
sentido e que a ficção de ontem é
inexoravelmente a realidade do hoje.
Apesar de toda esta mudança estrutural e
tecnológica, a natureza humana mantém?se
constante ao longo dos séculos,
atendendo ao apelo Darwiniano da
constante indispensável e prioritária
Lei da Adaptação, que faz ainda mais
sentido no mercado do que na Biologia.
Carlos Hilsdorf
Considerado pelo mercado empresarial um
dos melhores palestrantes do Brasil.
Economista, Pós-Graduado em Marketing
pela FGV, consultor e pesquisador do
comportamento humano. Palestrante do
Congresso Mundial de Administração
(Alemanha) e do Fórum Internacional de
Administração (México). Autor do best
seller Atitudes Vencedoras, apontado
como uma das 5 melhores obras do gênero.
Presença constante nos principais
Congressos e Fóruns de Administração,
RH, Liderança, Marketing e Vendas do
país e da América Latina. Referência
nacional em desenvolvimento humano.
www.carloshilsdorf.com.br