O RH e a Inovação nas Empresas -
Oportunidades e Responsabilidades
Por Gisela Kassoy
20/10/2007
"Inovação é uma nova idéia implementada
com sucesso que produz resultados
econômicos". Esta definição é de Ernest
Gundling da 3M. Dá para contestar uma
definição tão explícita? E quem ousaria,
já que a 3M é tida como uma das empresas
mais criativas do planeta?
Gundling deixa claro como a inovação é
uma das principais armas para garantir a
competitividade das empresas. Vejo aí
uma grande oportunidade para o RH, já
que há muitos aspectos de gestão de
pessoas envolvidos quando o item em
pauta é a inovação.
Eis um exemplo:
Recentemente, no Pão de Açúcar, um
funcionário saudava amigavelmente os
compradores e oferecia um pedacinho
daquele lindo pêssego que estava à
venda, tal qual fazem os animados
feirantes.
Para um supermercado, é sem dúvida uma
inovação. Saímos do paradigma das
gôndolas, do auto-serviço, da
impessoalidade para retornar ao velho
relacionamento com a freguesia.
E qual foi provavelmente a área que
contratou, treinou e motivou esse
funcionário? Mais do que isso, quais
teriam sido as ações do RH que
estimularam a sensibilidade do
colaborador com as necessidades de
relacionamento, o olho no cliente e a
análise de padrões de comportamento,
como o da feira livre, que deram origem
a essa idéia?
Fico me perguntando também qual foi o
papel do RH na criação e manutenção da
estrutura que permitiu com que a
inovação tivesse sido não só criada, mas
comunicada, aceita, testada e
implementada.
Vou além. A questão não é saber quanto o
RH participou de fato na concretização
dessa idéia, mas perceber neste exemplo
do Pão de Açúcar o quanto o RH pode
ampliar sua participação.
Basta acompanhar o cotidiano das
empresas, as metas desafiadoras a serem
cumpridas, o constante monitoramento dos
rumos e a obrigatoriedade absoluta de
estarmos inseridos num empreendimento
lucrativo para reconhecermos a
dificuldade de se integrar na produção
de inovações.
Trata-se de uma corrida perversa, pois
zanzamos tanto atrás do lucro que não
temos tempo nem espaço para a inovação,
potencial fonte de lucratividade.
O RH pode inserir as inovações na roda
sem atravessar o samba.
Como? O RH tem um papel fundamental na
criação e manutenção de um ambiente que
favorece a criatividade. Lembra do nosso
sempre presente discurso do respeito ao
ser humano, da importância da motivação,
da necessidade de líderes inspiradores?
Pois bem, são as inovações que trarão a
possibilidade de quantificarmos seus
benefícios. São as tais “novas idéias
implementadas com sucesso produzindo
resultados econômicos”.
E a competência dos colaboradores na
geração e avaliação das idéias? Na
administração do risco? Na busca de
oportunidades? Desenvolvimento de
competências é responsabilidade de todos
e de cada um, mas é - novamente - o RH
que vai colocar a mão na massa (e a
mente nas decisões estratégicas) para
garantir o recrutamento e/ou
desenvolvimento e aplicação dessas
competências.
Há muito a ser feito. No macro e no
micro.
Falando sobre ações mais simples, o RH
pode ser solicitado a contratar uma
pessoa dita criativa que tenha um lado
questionador forte e pode acabar
descontentando o cliente interno. Ou
pode também não ter coragem de contratar
essa pessoa e assim frustrar o
solicitante e as necessidades da área.
Aí está uma oportunidade para se chegar
a um consenso sobre a definição de
“pessoa criativa” e até gerar uma
discussão sobre a estratégia de inovação
da empresa.
Há também o risco de se confundir
inovação com modismo e criar uma cultura
novidadesca para os programas de T & D,
na qual o inédito é mais importante que
a real necessidade da empresa ou
confundir inovação com dinâmicas de alto
impacto ou outras parafernálias
didáticas.
Quando está em pauta a inovação, o RH
exerce um papel muito maior: ampliar
espaços para que as pessoas tenham como
germinar as idéias que trarão
lucratividade.
Gisela Kassoy - Consultoria em
Criatividade - www.giselakassoy.com.br