Planeje sua Liberdade, Aprecie o que você tem, crie alternativas
Por Maria Inês Felippe
03/01/2008
Primeiro de janeiro é o dia de muitas promessas, transformações,
desejos, imaginações, criações, mas não ultrapassa isso, na maioria
dos casos. Olhamos muito para o que desejamos conquistar, por vezes
desprezando o que já conquistamos, até mesmo deixando de polir, de
comemorar as nossas conquistas. Por que gastamos tanta energia
fazendo ginásticas cerebrais e poucos colocando em prática?
A reflexão transformadora exige de nós uma conduta agregadora,
evolutiva e de aplicabilidade. Será a busca do ideal ou a permissão
de que a conquista do sonho esteja cada vez mais distante, ou será
um mecanismo de defesa que nos convida a fugir da responsabilidade,
de colocar em prática os nossos sonhos? Será que nós colocamos nas
mãos do outro, do universo a nossa felicidade ou a concretizações
dos nossos pedidos? Ou será o medo de depararmo-nos com o fracasso
ou até mesmo com o sucesso, ou seja, com a conquista e não nos
sentimos merecedores? Ou é a famosa passividade do brasileiro?
Estejam certos de que, neste momento, estamos usando somente uma
parte do cérebro do nosso potencial, desprestigiando o outro ou
convidando-nos a cair na rotina, não identificando ou não criando
oportunidades. Lembrem-se das portas que se abrem para os
perceptivos ou que se fecham na cara dos desligados. É como se
estivéssemos andando de forma desequilibrada, também como se não
acreditássemos na nossa potencialidade, na nossa auto-estima, e na
nossa capacidade de “colocar a mão na massa” e seguir adiante,
trazendo o novo, o reajustado para nossa vida.
“Eu quero, eu quero, eu quero” e, em muitos casos, deixamos de ver o
que temos, assim como deixamos de recriar a própria vida. A
qualidade de vida está em nossa cabeça. Quanto mais reconhecermos as
nossas conquistas, quanto mais construtivo forem nossos pensamentos,
quanto mais melhorarmos a qualidade das nossas idéias, maior será a
nossa inteligência e melhor será a nossa vida, sentindo-nos plenos
ou parcialmente plenos em nossas realizações.
Nós temos tudo em abundância: cinema, teatro, praças, canteiros,
sol, chuva, livros, sites, pessoas, saúde, inteligência, mas não
desfrutamos de tudo isso. Estamos sempre idealizando, sonhando,
desejando, transformando tudo isso em desperdício.
Antigamente, não podíamos muitas coisas, nossa liberdade era
restrita; hoje, podemos tudo, temos total liberdade de criar,
transformar, dirigir a nossa vida como quisermos e, assim mesmo,
continuamos presos em nossos pensamentos e em sonhos não
concretizados, restando, ou melhor, surgindo um vazio que deverá ser
preenchido de outra forma. Muitas vezes, queremos doces, mas sabemos
que não vamos agüentar, deixando o resto na mesa do restaurante.
Levem-no para casa, comam-no depois ou busquem alguém para dá-lo ou
dividi-lo. Juntem os fragmentos que devem ser juntados, mas não os
desperdicem. Pensem o quanto vocês estão desperdiçando na sua vida,
quantas oportunidades perdidas em função de leis sociais,
insegurança, arrogância, etc.
Olhem para os seus caminhos percorridos, para suas criações, para os
resultados objetivos, passem a transformá-los e sigam em frente.
Pensem no que vocês são bons e naquilo que fazem muito bem, como
poderão ser cada vez melhores e criarem situações correlatas,
agregadoras, tanto do ponto de vista pessoal como social.
Apropriem-se da sua principal característica porque (ela) faz parte
de vocês.
A reflexão transformadora envolve:
reconhecerem suas conquistas;
reconhecerem-se como pessoas com qualidades e constantes mutações;
relacionem-se com pessoas opostas às suas características
(certamente irão agregar valor aos seus valores);
flexibilizem-se com o objetivo de transformar uma informação ou
acontecimento, adaptando-a(o) e recriando-a (o) sem perderem os seus
valores;
elaborarem, vão além do pedido,do sonho;
produzam e consigam que a informação ou acontecido chegue ao outro
de forma efetiva.
Não esperem algo, se vocês não respeitarem o que vocês têm e o que
são. A cobiça é desperdício!
Evitem serem escravos do dinheiro, ou do outro, ou dos sonhos: ele
poderá comandar-lhes, mas se souberem usá-lo da forma certa e no
momento adequado, isto poderá ajudá-los a transformarem-se, levando
à concretização de seus sonhos.
Criar, sem colocar em prática é pura ilusão, causa indignações e
frustrações, surgindo, assim, um circulo círculo vicioso.
Saiam da rotina! Se hoje vocês atenderam um cliente de uma forma,
“de que outra forma poderíamos atendê-lo?”. Se negociaram de tal
forma, “que outra forma poderiam negociar?”. Se criaram um novo
produto ou processo de trabalho, “que outro poderiam criar?”. Se
aproveitaram de tudo o que a vida lhes deu, “como poderiam
aproveitar mais e mais?”. Se ficaram felizes, “como fazer vocês e os
outros felizes também?”.
Pode parecer estranho, mas criar e colocar em prática exige
disciplina, esforço e reformulações de modelos mentais. Feridas do
passado, loucuras pessoais, sonhos frustrados, formas de pensamento
poderão ou não impulsionar o seu crescimento. É preciso inovar,
agregando valor ao que já existe: a humildade trocando lugar com a
arrogância.
Muitas vezes estamos em um lugar querendo estar em outro. No final,
não estamos em lugar algum, nem conosco, ficando somente no mundo do
desejo e da imaginação.
O mundo empresarial poderá ser uma fonte inspiradora para ajudar-nos
a ver como tudo isso poderá acontecer.
No mundo corporativo, tenho cada vez mais percebido a preocupação e
a prática efetiva da inovação: reinventam processos, produtos, forma
de atendimento etc. A inovação transformou-se numa forte aliada no
mercado competitivo e percebo cada vez mais o reflexo no caixa dos
meus clientes que apostam nesse pensamento, praticando-o. Para isso,
foi preciso uma transformação na forma de pensamento, convidando
todos os colaboradores a pensarem além da rotina, apesar da
sobrecarga de metas e afazeres do dia-a-dia.
Em alguns casos, criaram-se áreas específicas para pensarem além do
cotidiano, com variedade de idéias, reaproveitando, adaptando,
simplificando e até inventando algo diferente. A variedade no
pensamento nos ajuda a gerar muitas idéias, não perdendo de vista os
seguintes questionamentos:
1- O que fazemos bem e devemos continuar?
2- O que fazemos de ruim e que devemos parar da fazer?
3- O que não fazemos que devemos fazer?
A inovação tem de ocorrer o tempo todo. Não existe mais a
possibilidade de ficar um dia sem pensar em algo diferente, sem
analisar, sem ajustar e sem colocar em prática. Devemos tirar os
projetos da gaveta e da cabeça. Não é somente ficar no sonho, mas
aplicando o princípio da dialética: “Pensar com a cabeça na lua, com
os pés no chão”. Devemos aproveitar da liberdade que temos para
criar, não desperdiçando, o que temos, mas conquistando e criando
alternativas. Este é o lema para 2007!
Maria Inês Felippe: Palestrante, Psicóloga, Especialista em Adm. de
Recursos Humanos e Mestre em Desenvolvimento do Potencial Criativo
pela Universidade de Educação de Santiago de Compostela - Espanha.
Palestrante e consultora em Recursos Humanos, Desenvolvimento
Gerencial e de equipes, Avaliação de Potencial e competências.
Treinamentos de Criatividade e Inovação nos Negócios. Palestrante em
Congressos Nacionais e Internacionais de Criatividade e Inovação e
Comportamento Humano nas empresas. Vice Presidente de Criatividade e
Inovação da APARH.
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E-mail: mariaines@mariainesfelippe.com.br