O Mundo Está Usando. E Você?
Por Gisela Kassoy
20/10/2007
Fico fascinada com o mundo da moda. Com uma simples expressão “está
usando”, ou na linguagem coloquial, “tá usando” consegue-se mudar o
senso estético das pessoas, ditar indumentárias e comportamentos,
fazer pessoas consumirem o novo e abandonarem o velho.
De fato, a sensação de vestir o que “está usando” consegue unir
sentimentos paradoxais de inclusão e originalidade. Quem “está
usando” é da turma e é especial, copia, mas é pioneiro.
Há aspectos positivos em acatar o que “está usando”. Dá segurança às
pessoas. Movimenta a economia. Estimula a criação e o desejo de
superação. Deixa o mundo mais dinâmico, as pessoas mais surpresas.
O “está usando” não se limita ao setor da moda. (perdão, mundo
fashion). Carros, computadores, bebidas e toda uma gama de produtos
são consumidos por que todos usam. V. sabia que as gravadoras
investem nos conjuntos musicais em função do número de visitas que
os sites deles recebem?
O mesmo acontece com serviços, inclusive no Business to Business. O
“está usando” pode servir para vender Sistemas de Informática,
Gestão, Desenvolvimento... Sem falar nas aplicações financeiras, que
às vezes se desvalorizam justamente porque atraíram gente demais.
A voz do povo sempre falou tão forte? Segundo Duncan Watts autor do
Livro The Science of a Connected Age (a Ciência de um Mundo
Conectado) o número de ofertas e informações que recebemos hoje é
grande demais e nem todas possuem o grau de confiabilidade que
gostaríamos. Assim, as pessoas tendem a se valer de referências
pessoais ou quantitativas para fazerem suas escolhas.
Para algum produto, serviço, investimento ou conjunto de rock
adquirir massa crítica ele precisa ser bom. Mas o que é bom para
alguns não é necessariamente bom para todos. A referência é um
critério importante, mas não deve ser o único. Falamos do ponto de
vista do consumidor. E do ponto de vista dos profissionais? Adianta
fazer e falar o que todo o mundo faz e fala? Será que as empresas
não estão precisando de colaboradores que contestem, tragam algo
novo? Um dos maiores riscos para uma empresa é a uniformização das
percepções. Como inovar sem mentes que pensem de forma diferenciada,
visualizem oportunidades, saiam da “caixa”?
Pensemos agora nas organizações Os riscos de se basear unicamente no
que “está usando” são muito mais graves para uma empresa,
independentemente de seu porte. A estratégia “me too” é perigosa:
imagine lançar um produto que já fez sucesso.
Os nichos de mercado diminuem, devido à segmentação da concorrência,
reduzindo as margens de lucro. Assim, quem chegou em segundo ou
terceiro lugar não tem a vantagem de ter um nome construído e só
poderá recorrer à estratégia do preço baixo se tiver muito talento
para reduzir seus custos. Caso contrário, lá vem prejuízo!
É por isso – e não por que está usando – que as empresas percebem a
necessidade gerar produtos novos, estratégias de marketing
diferenciadas, novas vantagens aos clientes.
Meu trabalho é ajudar as empresas a levar ao mercado não o que
atrai, mas o que vai atrair. Não o conhecido, mas o que vai
surpreender. Não importa o que “está usando”. Importa o que faremos
para que um produto ou serviço seja usado.
Gisela Kassoy - Consultoria em Criatividade -
www.giselakassoy.com.br