Marketing na Era da Infidelidade
Por Thiago Cabrino
18/11/2002
Ao contrário do que mais escutamos hoje em dia, que o marketing está voltado
à fidelidade dos clientes e a busca de um relacionamento duradouro, o que se
observa é uma era voltada à infidelidade dos consumidores e uma perspectiva
de que este cenário ganhe força e cresça em grandes proporções devido a
inúmeros elementos, dos quais, discutiremos alguns ao longo deste estudo.
Um dos elementos que mais contribuem para o surgimento e crescimento deste
panorama desfavorável ao mercado é o alto índice de concorrência apresentado
nos mais diferenciados setores. A todo instante são lançados novos produtos
ou mesmo similares aos já existentes que geram um crescimento na disputa por
um mercado consumidor comprador, o qual vive diariamente sofrendo um
verdadeiro bombardeio de informações e estímulos proporcionados pela
propaganda.
Assim, em meio a todos estes acontecimentos, elementos-chave na constituição
organizacional e que eram deixados de lado frente à exposição ao mercado,
tornam-se hoje, diferenciais de venda das empresas em seu mercado de
atuação.
Um bom exemplo desta nova prática é a ética. As empresas estão apresentando
ao mercado suas formas de ação em seu processo, mostrando que todas as suas
bases são norteadas pelas ações éticas e profissionais, que visam ser justas
em suas negociações e voltadas à criação de elementos positivos ao seu
produto final, aos consumidores de sua marca e também a terceiros, que são
beneficiados pela venda, que serão revertidas em forma de ajuda.
Com estas novas tendências e mutações do mercado, surgem movimentos
denominados antigrife, que segundo estudiosos e especialistas em marketing,
os consumidores modernos estarão buscando dentro das linhas de produtos, os
chamados genéricos, palavra esta em alta no mercado.
Os movimentos são engrossados diariamente por consumidores que por motivo ou
outro, estão desiludidos com as grandes e famosas marcas. “As pessoas estão
odiando as grandes marcas” – Anita Roddick, Fundadora da Rede de Cosméticos
The Body Shop.
Este odiar e toda a descrença que está rodiando as grandes marcas, devem-se
a inúmeros fatores ocorridos, visto que, as grandes marcas estão mais
expostas e vulneráveis à mídia e todos os deslizes ocorridos são
repercutidos em grandes proporções. Assim, as marcas começam a ser mal
vistas pelos problemas, por ameaças à saúde e ao meio ambiente, pelos
inúmeros processos e reclamações existentes, realizados por consumidores que
por infelicidade, tiveram más experiências junto ao uso ou aquisição dos
produtos e/ou serviços oferecidos pelas grandes marcas.
Deste modo, existe a real perspectiva de que venha acontecer um grande
movimento de revolta às transnacionais, detentoras das grandes marcas
mundiais.
Todas estas previsões até aqui apresentadas, podem ser analisadas em
diferentes enfoques e visões, já que as tendências podem ser um tanto quanto
exageradas em seu conteúdo, pois não podemos generalizar as ações a todas as
marcas e as empresas produtoras. Conhecemos inúmeros casos positivos de
ações que trazem benefícios ao mercado e que são bem vistas pelos
consumidores, o que faz com que a mentalidade empresarial busque a todo
instante, mudar sua forma de agir e trabalhar.
Em linhas gerais, constata-se que os consumidores tendem a ser menos fiéis
às marcas e que sempre estarão avaliando no momento da escolha, as ações,
posturas e as atitudes das empresas diante do mercado. Surge portanto uma
nova era e um novo desafio para os profissionais de propaganda e de
marketing, que em meio a uma chuva de divulgações, deverão conseguir um
minuto de atenção dos consumidores frente ao seu produto e/ou serviço.
Com este panorama, existe uma análise pessimista frente à relação
consumidores x marcas x produtos x mercado, pois segundo especialistas as
novas marcas terão muita dificuldade de penetração e expansão no mercado,
enquanto que as marcas tradicionais e fortes, estarão muito suscetíveis a
sofrer abalos em larga escala.
Assim sendo, inúmeros cuidados devem ser observados na atuação empresarial e
mercadológica, pois as organizações e marcas que sobreviverem a esta
situação com destreza, competência, profissionalismo e sucesso, poderão ter
vida longa e contar com a preferência dos consumidores.