Gestão de Pessoas Fora do Brasil
Por Sandra Maura
09/12/2007
Desafio. Esta é a primeira palavra que surge em minha mente quando
penso em gestão de pessoas fora do Brasil.
Acompanhamos nos noticiários o aumento de filiais de empresas
brasileiras no exterior e, na esteira deste crescimento, as
companhias utilizam capital humano nacional para ocupar cargos em
outros países. Porém, quais são os principais pontos que o bom
gestor deve analisar?
A meu ver, primeiramente, a empresa deve conhecer e entender o
funcionamento da legislação do país de destino. Além disso,
costumes, valores e peculiaridades devem ser levados em
consideração. O ideal é que exista uma estrutura dedicada à
administração da nova vida deste colaborador em terra estrangeira,
sem se esquecer de contemplar a correta instalação de seus
familiares (moradia, mudança de pertences, escola dos filhos,
documentos, vacinas). Essa prática é comum nas corporações
multinacionais, que deve ser exemplo para os líderes brasileiros.
Para que uma empresa torne-se global, é imprescindível ter
pluralidade de capital humano. A experiência internacional
proporciona o aumento de conhecimento e a troca de informações entre
pessoas diferentes, com formações diversas, e que juntas podem
compor um time de alta performance.
Na outra ponta, a oportunidade de uma carreira internacional
representa o tão desejado upgrade para o profissional, pois lhe
garante visibilidade, expressão e desenvolvimento do pensamento
estratégico mundial. Esta visão global é fator-chave de sucesso - ou
seja, não é à toa que o mercado enxerga com tão bons olhos quem
possui vivência em outro país.
Entretanto, a empresa deve minimizar o choque da mudança cultural em
seu colaborador. Em geral, há receptividade quando a mudança ocorre
para países desenvolvidos, mas é importante entender que a dinâmica
mundial exige que o profissional mantenha-se atualizado com os
movimentos do mercado. Os casos em que há a imposição - e não
proposta - são caracterizados pela necessidade pontual de um projeto
ou ação tática que precisa ser tomada num determinado momento. Em
ambos os casos, a empresa tem de prestar o suporte operacional e
emocional necessário para diminuir este impacto.
Desde o visto até a integração, a transição é garantida por
departamentos específicos de relocation localizados no Brasil e no
exterior. A empresa cujo porte não justifica o investimento neste
tipo de custo fixo pode recorrer às prestadoras de serviços
especializadas na área, todavia deve acompanhar de perto todos os
passos do processo.
A maior barreira é convencer o profissional a mudar-se para países
tão peculiares como China e Índia, e com clima tão rigoroso quanto à
Rússia, mas este não é um fator a ser analisado isoladamente. A
oferta, o crescimento profissional projetado e o pacote de
remuneração e benefícios proporcionam segurança e amparo, mas o
reconhecimento dos benefícios trazidos pelo multiculturalismo tem de
partir do profissional.
Vale lembrar que a questão burocrática existe e não é flexível em
relação a prazos. Uma vez que o visto de trabalho tem prazo de dois
meses para ser emitido, é preciso ingressar com os papéis
necessários no tempo certo, de modo a não comprometer o desempenho
das atividades do profissional. Cabe mencionar que o processo pode
ser indeferido, mas existem instâncias para recurso, o que acontece
quando algum novo documento é requerido.
Entretanto, o colaborador deve estar aberto para este desafio.
Integração e aceitação são vias de mão dupla - a empresa e o
profissional são co-responsáveis e cabe a cada uma das partes o
comprometimento com o sucesso. A empresa precisa abrir as portas do
novo país, ter um processo bem definido de "welcome aboard",
instruir o profissional e manter o canal de comunicação aberto.
Outro fator é o suporte em ambos os países para a administração das
questões pessoais próprias e da família. Em alguns casos, a análise
de desempenho e o e-learning são ferramentas utilizadas, por meio
das quais o gestor, em qualquer parte do mundo, pode inserir a sua
avaliação e o profissional, além de atualizar-se sobre os movimentos
da empresa no País de origem, pode também inserir informações que
interajam com as equipes.
*Sandra Maura, diretora executiva da TOPMIND, empresa que atua nos
segmentos de Tecnologia da Informação, Telecom e Recursos Humanos
Estratégico