Fator Quim - Inteligência e Gerência
Por Maria Rita Gramigna
14/06/2008
Nos últimos anos, as exigências de mercado para a função
gerencial, indicam novas competências e indicadores de
desempenho, antes desconsiderados.
Neste artigo, vamos tratar o tema gerência e
inteligência, sob a ótica da criatividade.
Você já se fez estas perguntas?
O que é inteligência? Quais os tipos de inteligência
reconhecidos no meio científico e empresarial? Que
aspectos da inteligência são valorizados em nossa
cultura?
O ser humano é o único animal que tem habilidade para
inventar e criar.
Os outros seguem instintos e padrões, repetindo o
comportamento de suas espécies.
Tal capacidade permite ao homem ser o construtor de seu
próprio destino.
Vivemos hoje em uma era repleta de contrastes: enquanto
a tecnologia está cada vez mais avançada,
disponibilizando facilidades em nossa vida, a crise nos
sistemas político, social e econômico se fazem
presentes.
O contexto em que está situado nosso mercado, reforça a
idéia do gerente como um ser inteligente, que saiba
lidar com paradoxos, adapte-se às diversas mudanças do
ambiente, com competência para inovar, criar e gerar
resultados.
As expressões gerência e inteligência caminham lado a
lado.
O que é ser inteligente?
Aurélio Buarque de Holanda, descreve inteligência como a
capacidade de aprender, apreender ou compreender; inclui
percepção, apreensão, intelecto, intelectualidade,
capacidade de adaptar-se facilmente, agudeza,
perspicácia, destreza mental, habilidade”.
Se compararmos o conceito de inteligência de Aurélio às
exigências do novo perfil gerencial perceberemos uma
convergência, quando ambos destacam um rol de atitudes e
habilidades humanas.
De que valem os ensinamentos e o conhecimento adquiridos
na educação formal ou em cursos específicos, se os
mesmos não vêm agregados a um perfil comportamental
adequado?
Gerente inteligente, hoje, é aquele que possui um
conjunto competências disponibilizadas de forma
assertiva, o que o faz se destacar em contextos
variados.
Que formas de inteligência o gerente precisa
desenvolver?
De acordo com Howard Gardner a inteligência humana
apresenta-se sob sete formas.
Distribuídas entre diversas atividades e profissões, as
inteligências se intercalam, se misturam, se
complementam e, quando reunidas, fortalecem aqueles que
as possuem.
O quadro a seguir, demonstra a influência de cada uma
das sete inteligências na ação gerencial.
AS SETE INTELIGÊNCIAS INFLUÊNCIA NA ÁREA GERENCIAL
1. Inteligência lingüística: dom de poetas, escritores e
oradores, que fazem uso corrente e fluido da linguagem.
• No dia a dia, o gerente necessita comunicar-se de
todas as formas possíveis. Dominando a inteligência
lingüística agirá com maior desenvoltura nos papéis
informacionais (porta-voz, monitor e disseminador ) *
2. Inteligência lógico-matemática: presente nos
cientistas, matemáticos e pesquisadores, que usam o
racional como elemento norteador de suas ações. • O
gerente que possui este tipo de inteligência, apresenta
habilidade no desenvolvimento de estratégias, na
avaliação planos, na análise imparcial de dados e fatos
significativos para o negócio, o que influencia
sobremaneira na qualidade de sua tomada de decisões.
3. Inteligência musical: habilidade daqueles que são
atraídos pelo mundo dos sons. Com a música, obtém
ritmos, sons e melodias que fazem a estória da arte. •
Respeitar ritmos (dos outros e próprios), perceber os
diversos tons das pessoas, tornar o ambiente harmonioso
e motivador são elementos essenciais na função
gerencial. Qualidade de vida no trabalho é uma bandeira
asteada nos novos tempos.
4. Inteligência espacial: observada nos profissionais
que apreciam o visual - geralmente pintores, escultores,
pilotos de aeronaves, asa delta, etc. • “Ocupar espaços
de forma assertiva” e “deixar espaços para o crescimento
da equipe de colaboradores”. Eis um alerta àqueles que
querem se engajar no perfil gerencial das empresas de
vanguarda. Pilotar um time, esculpir um projeto,
apreciar os resultados estão na ordem do dia.
5. Inteligência sinestésica: domínio corporal e do
movimento, presente em atores, dançarinos e
desportistas. • Deslocar-se, movimentar-se no vários
contextos empresariais, conhecer as diversas realidades,
disponibilizar competências e colaborar para o “gol”.
Atitudes que ajudam o gerente a “tocar” na sensibilidade
e motivação das pessoas.
6. Inteligência interpessoal: habilidade de entender e
tratar outras pessoas com sensibilidade. Capacidade de
influir no comportamento do outro. Presente nos
profissionais de vendas, mestres e terapeutas. • Uma das
competências mais exigidas na atualidade. Hoje é
considerado um bom gerente aquele que consegue formar
times, fortalecer equipes e desenvolver talentos. De
vendedor, mestre e terapeuta, todo gerente deve ter um
pouco (mas não é necessário ser louco!).
7. Inteligência intrapessoal: capacidade de
auto-conhecimento. Consciência do próprio potencial,
debilidades, temores e sonhos. Tal inteligência exige
auto disciplina e perseverança. • O auto conhecimento
conduz ao desenvolvimento pessoal. Todas as outras
inteligências são influenciadas pela intrapessoal.
Conhecer-se, olhar para si, descobrir-se faz parte da
caminhada de todos os líderes de sucesso.
* Nomeclatura que define os papéis ligados à comunicação
gerencial.
Que aspectos da inteligência humana são valorizados em
nossa cultura?
Nossa educação privilegiou e privilegia a inteligência
lógico-matemática e a lingüística, deixando em segundo
plano as restantes.
Em uma sociedade essencialmente cartesiana, a
predominância do racional sobre o emocional e intuitivo
é evidente.
Paradoxalmente, as portas estão se abrindo para aqueles
que dominam aquelas inteligências menos estimuladas.
Talvez por este motivo tenho convivido com gerentes que,
depois algum tempo de experiência no cargo, fazem das
atividades alternativas seu lazer regular.
Tornou-se comum encontrar executivos jogando tênis nos
fins de semana, participando de corais ou grupos
musicais, praticando esportes radicais (ou não),
enfrentando montanhas em um desafiante trail,
organizando festas e bazares em seus bairros, produzindo
obras de arte em argila, pintando telas (as vezes meio
surrealistas). Intuitivamente ou intencionalmente estes
gerentes colherão os frutos de suas iniciativas,
ampliando seu QUIM - Quociente de Inteligências
múltiplas.
Hora de inovar e ousar no resgate do QUIM!
Maria Rita Gramigna é Mestre em Criatividade Total
Aplicada pela Universidade de Santiago de Compostela
(Espanha). Graduada em Pedagogia pela Universidade
Federal de Minas Gerais e pós-graduada em Administração
de Recursos Humanos pela UNA – União de Negócios e
Administração (MG). Atua no Mapeamento de Competências,
contatos estratégicos com clientes, capacitação
gerencial e treinamento da equipe de consultores da MRG
Consultoria e Treinamento Empresarial.