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Criatividade e Inovação nas Organizações
Por Maria Rita Gramigna
29/03/2007


CENÁRIOS
A criatividade é um tema que faz parte do contexto atual das organizações. Aquelas que pretendem substituir o paradigma da sobrevivência pelo paradigma da expansão precisam se reinventar.
Turbulências de toda ordem, mudanças inusitadas de cenários e novas práticas de mercado surpreendem os menos desavisados.
Quando clientes se posicionam e exigem produtos e serviços de custo baixo e alta qualidade, por exemplo, as empresas criativas aproveitam a dica do mercado e alavancam novas práticas e estratégias. Se um mesmo produto ou serviço, de qualidade e preço similares é negociado por empresas concorrentes, que diferencial devem apresentar para garantir seu espaço no mercado? É fundamental que empresários, administradores e líderes abordem esta questão como um problema que deve ser resolvido sob a ótica da criatividade.
Estamos vivendo o momento onde as tecnologias de vanguarda facilitam e permitem a expansão do processo criativo. A cada dia, torna-se mais curta a distância entre o fato e a informação. Temos meios de saber o que acontece em qualquer parte do planeta, com uma agilidade ímpar. O conhecimento está ao alcance de todos. O mundo ficou pequeno!
Conhecimento sem uso é um patrimônio pessoal. Podemos colocá-lo ao alcance de todos com o auxílio da criatividade. Ela agrega valor a este patrimônio.
A matéria-prima gerada pela tecnologia – fatos, informações, dados - só é útil quando acompanhada por insights. Ao estabelecermos conexões entre os dados e chegarmos à EUREKA (achado, descoberta), as ações criativas tornam-se mais viáveis.

PORQUE ALGUMAS ORGANIZAÇÕES ESTÃO FOCADAS NA SOBREVIVÊNCIA E OUTRAS SE DESTACAM, CRESCEM E SE MANTÉM NO PODIUM, COMO VENCEDORAS?
Três pontos básicos diferenciam as organizações de sucesso das primeiras. Seus modelos de gestão levam em consideração três fatores:
1. Utilização criativa do conhecimento gerado pelos avanços na tecnologia da informação
2. Investimento no capital humano, buscando o ponto de equilíbrio entre capacidade de produção, geração de resultados e necessidades individuais.
3. Busca de oportunidades para expansão e crescimento
Na base de sustentação destes três pilares está a CRIATIVIDADE.

O QUE É CRIATIVIDADE?
É o processo através do qual as idéias são geradas, desenvolvidas e transformadas em valor (John Kao). O processo implica em descobrir maneiras novas e efetivas de lidar com o mundo, resolver problemas e ampliar o círculo de influências.
Atrelada à criatividade está a INOVAÇÃO, ocorrendo sempre que algo é criado para melhorar um sistema.
Até bem pouco tempo, a criatividade era vista pelas empresas como algo intangível, destinado a poucos gurus. Algo reservado a artistas, pessoas incomuns e gênios.
As pesquisas e estudos desenvolvidos nesta área sinalizam em direção a retomada da criatividade como uma disciplina que pode ser desenvolvida e aprendida, possibilitando a todos os profissionais o acesso à sua prática.
POSSO AFIRMAR QUE:
1. A criatividade é tangível: podemos mensurar os efeitos da criatividade e inovação nos lucros da organização;
2. A criatividade é um processo que deve ser administrado e gerenciado;
3. As empresas têm maiores chances de renovar suas práticas e processos quando se apóiam na criatividade.

COMO AVALIAR O POTENCIAL CRIATIVO DA UMA EMPRESA?
Considerando a criatividade como um sistema, é imprescindível que ao avaliar o potencial criativo de uma empresa sejam considerados os seguintes indicadores:
01 - CAPITAL ATIVO: existência de equipamentos que permitam o uso da tecnologia disponível e espaços com arquitetura que permita e facilite a criação.
02 - RECEITA GERADA POR PRODUTOS OU SERVIÇOS NOVOS: inventário de inovações que foram fonte de lucros nos últimos tempos.
03 - INVESTIMENTO EM MUDANÇA DE CULTURA: intervenções que alavancaram mudanças na cultura interna da empresa.
04- SISTEMA DE CRÉDITO ÀS IDÉIAS GERADAS: existência de mecanismos que reconheçam autoria de idéias, indiquem os apoios recebidos e Processos de implementação.
05 - MAPEAMENTO DE RESULTADOS: fontes de informação dos avanços da empresa com relação a inovações.
06 - HISTÓRICO DAS MUDANÇAS: registro de fatos que identifiquem a fonte de estímulo às inovações - desafios internos, resposta aos concorrentes, emergências, projetos específicos.
07 - POSSIBILIDADE DE ISOLAR VARIÁVEIS DO SISTEMA: iniciativas geradoras de resultados favoráveis exigem o isolamento das variáveis que determinaram o sucesso do empreendimento. Exemplos: a implantação de elementos tecnológicos (sistemas de rede) pode favorecer iniciativas criativas e agilizar sua implantação, já que as informações correm mais rapidamente entre as pessoas envolvidas, o que facilita o processo decisório. A inclusão de novos elementos de arquitetura em espaços destinados a criar, provavelmente vai estimular as pessoas a se envolver no processo.
08 - MECANISMOS DE ACOMPANHAMENTO: registro e administração das forças restritivas e propulsoras à ação criativa, definição dos pontos de verificação, identificação das áreas de atrito e avaliação das práticas adotadas. Em caso inadequação é necessário o estudo novas formas de administrar o sistema.
09 - ATENÇÃO AO FATOR HUMANO: mudanças e criatividade são geradas por pessoas. Ciúmes e entusiasmo podem estar caminhando lado-a-lado. É necessário estar com os sensores ligados para administrar conflitos e adotar a negociação ganha-ganha como tática.
10 - VANTAGENS COM A CONCORRÊNCIA: o concorrente mais criativo pode ser a fonte inspiradora para novos desafios. Atualmente o BENCHMARKING é praticado pelas empresas de sucesso. Faz parte do processo criativo definir formas de estímulo que agucem a curiosidade em toda a empresa para os avanços de seu setor. Cada colaborador pode ser um agente da inovação. Para tal, precisa do apoio institucional. Este suporte pode variar de uma simples reunião informativa ao encaminhamento de pessoas para feiras e congressos, acesso a pesquisas na INTERNET, parcerias e formação de redes de contato. É bom lembrar que pessoas motivadas superam seus próprios limites!
11 - IDENTIFICAÇÃO DE TALENTOS: a maioria das organizações desconhece sua fonte de riqueza - os talentos individuais. Um sistema efetivo de manutenção da criatividade inclui o mapeamento individual de potenciais. Tal iniciativa favorece a formação de grupos-tarefa, rodízios, redes de criatividade e serve como base de dados para decisões gerenciais. Além do mapeamento, um bom programa de incentivo à criatividade e ao autodesenvolvimento é fundamental para manter o clima estimulante.

GERENCIANDO A CRIATIVIDADE:
A idéia de instituir um sistema auto-sustentável de criatividade pressupõe gerenciamento em todas as fases de sua implantação.
Sabendo-se que os atuais modelos organizacionais contém paradoxos que, a princípio, poderão impedir o florescimento da cultura criativa, o papel da gerência é fundamental. Ao mesmo tempo em que estamos com um pé no futuro, temos arraigadas diversas crenças que vão de encontro à criatividade. Eis alguns exemplos:
• O momento exige liberdade de criação e, ao mesmo tempo, disciplina;
• É necessário inovar para sobreviver e, simultaneamente, manter a personalidade empresarial – marca que caracteriza cada organização.
• A atração pelo desconhecido alavancada pela onda da globalização, caminha lado-a-lado com a necessidade de um “porto seguro – estabilidade versus insegurança.
• A necessidade de estabelecer padrões de desempenho se choca com a urgência da experimentação do novo.
Em toda tensão paradoxal há um ponto de harmonia – a função do gerente da criatividade é detectar este ponto. As ações com resultados de sucesso são possíveis quando todo o tecido social das organizações está engajado em uma mesma causa.
Ao iniciar o processo o gerente da criatividade poderá esbarrar com resistências naturais às mudanças propostas. Para superá-las é importante obter o apoio de pessoas posicionadas nos níveis hierárquicos mais altos, apresentar planos específicos que definam o número de mudanças concretas que se quer alcançar em determinado prazo e só depois buscar a adesão do restante dos colaboradores. Com a formação de um exército de aliados os obstáculos serão transpostos com mais facilidade.

Para gerenciar o processo é fundamental que o responsável tenha seu próprio KIT ALAVANCADOR DA CRIATIVIDADE, que já garante um bom começo:
• Espaço próprio, que seja seguro, informal, confortável, estimulante, livre de distrações, agradável, criativo.
• Computador pessoal de ponta, ligado no sistema de rede da empresa e conexão na INTERNET.
• Biblioteca com publicações na área.
• Assinatura de revistas ou periódicos específicos.

ATIVANDO A CRIATIVIDADE PESSOAL – DICAS:
• Um gerente da criatividade tem o dever de trabalhar seu próprio desenvolvimento. Alguns hábitos podem ser cultivados:
• Sempre que surgir um problema, usar uma ferramenta específica da criatividade que permita o estudo de mais de uma solução (brainstorming, mind-map, analogia inusual, visualização criativa, abordagem fantástica, técnica do “E... se”, outras)
• Ativar a imaginação, procurando visualizar o futuro ampliado. Usar recursos simbólicos para representar o que foi projetado: desenho, símbolos, montagens.
• Cultivar a auto-estima, a autoconfiança, o otimismo e o bom humor – rir dos próprios erros faz com que novas tentativas sejam experimentadas.
• Agitar a rotina, mudando alguns rituais. Fazer coisas diferentes.
• Estabelecer conversações estratégicas em horários e locais inusitados: restaurante, lanchonete, corredores da empresa, estacionamento. Aproveitar todas as oportunidades para estabelecer contatos informais –
• Conquistar novos espaços fora da empresa comparecendo a reuniões, lançamentos de livros, palestras, exposições de arte, teatro, cinema. Diversão e trabalho também caminham juntos.
• Traçar pequenas metas de leitura: 2 páginas de um livro por dia, por exemplo. Ler com criatividade, riscando, rabiscando, colorindo, fazendo perguntas, discordando, concordando, anotando sua opinião sobre o conteúdo, acrescentando suas idéias, enfim, fazer uma leitura interativa com o autor.



• Usar metáforas – que transformam o intangível e o abstrato em imagens. Por exemplo, se quer agilidade de respostas e pretende ver sua empresa no podium, indique sua expectativa usando a linguagem criativa na afirmação: “Pretendemos percorrer dois quilômetros em um minuto”.

O ESFORÇO CRIATIVO:
Um programa de criatividade empresarial exige um esforço global que sustente o processo. As ações devem estar direcionadas para quatro blocos:
• PESSOAS: oferecer oportunidades que estimulem a pensar, inovar e inventar, seguir em frente, superar obstáculos sem desanimar, ser original, antecipar o futuro, prevenir-se – ser pró-ativo no lugar de reativo.
• EQUIPES: formar equipes criativas que investiguem e inovem apoiados por líderes criativos que agreguem pessoas por suas idéias fortes e motivadoras.
• EMPRESA COMO UM TODO: preparar líderes empreendedores que saibam administrar a rotina e sair da passividade, promover a educação para a mudança de paradigmas (fazer-fazer), treinar e desenvolver pessoas para usar o pensamento inventivo e divergente, adotar modelos de gestão abertos e flexíveis.
• TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO: promover a extensão do aprendizado a toda a organização, usando recursos tecnológicos disponíveis, de forma a curar as mazelas intelectuais. Transformar a criatividade em uma “filosofia de vida”.

A criatividade está ao alcance de todos - é a chave do sucesso empresarial. Deixo meu desafio aos leitores: que tal iniciar uma revolução pacífica em sua empresa? Afinal, o céu não é mais o limite!


Maria Rita Gramigna é Mestre em Criatividade Total Aplicada pela Universidade de Santiago de Compostela (Espanha). Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Minas Gerais e pós-graduada em Administração de Recursos Humanos pela UNA – União de Negócios e Administração (MG). Atua no Mapeamento de Competências, contatos estratégicos com clientes, capacitação gerencial e treinamento da equipe de consultores da MRG Consultoria e Treinamento Empresarial.


 


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